Dia das Crianças: A importância de celebrar a data em tempos de adultização

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This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter and does not reflect the views of Her Campus.

No último domingo, 12 de outubro, foi comemorado o Dia das Crianças no Brasil. A data celebra a juventude, a infância e o bem-estar das crianças. Porém, atualmente, a valorização da infância tem sido deixada de lado e se tornado uma batalha cada vez mais constante em meio a um cenário onde a adultização foi normalizada. 

A perda da infância

O intuito do Dia Nacional da Criança é celebrar a infância e seus direitos, mas, diante do ambiente midiático atual, será que não estamos em meio a um retrocesso? Com o recente caso de Hytalo Santos, o tema da adultização veio à tona e se tornou um grande alerta para quem ganha audiência nas redes sociais. 

Apesar disso, o discurso de adultização não é algo novo. Nos anos 2000, o tema entrou em alta com a popularização do acesso a internet, que expôs crianças e adolescentes a conteúdos e estéticas adultas. O que era moda para adultos de 30 anos, passou a se tornar desejo para crianças e adolescentes de 10 a 17 anos. 

Um simples batom vermelho, uma saia curta ou um vestido decotado passou a se tornar comum para o público jovem nas redes sociais, uma vez que tinham suas inspirações como divas pop, atrizes, modelos e outras mulheres famosas de uma faixa etária muito maior. A normalização dos atos transformou as redes sociais em um cenário propício para crimes cibernéticos e abriu espaço para pedófilos. 

Na época, pais e responsáveis, muitas vezes, não sabiam como lidar com a situação ou não compreendiam a gravidade do problema, o que corroborou para a falta de supervisão do acesso e a proliferação do perigo de ataques e conteúdos indesejados.  

A adultização e as redes sociais

Atualmente, o cenário não é muito diferente. A pressa de querer crescer e viver antes do tempo também se deu pela pressão social, seja por popularidade ou aceitação. A busca por likes, comentários e inclusão em certos grupos faz com que os jovens se moldem no padrão dos adultos para serem aceitos. Além disso, o fácil acesso a conteúdos explícitos, como músicas, vídeos e influenciadores,  impacta diretamente na maneira como as crianças se portam e se expressam. 

Os tópicos da adultização podem abranger tudo aquilo que não faz mais parte da infância, seja a perda da virgindade, vestir uma roupa sexualizada ou até o consumo de álcool. A grande questão é que, devido à falta de maturidade e a instabilidade emocional, as crianças e adolescentes não têm noção dos riscos que correm e das consequências que talvez possam enfrentar. 

Tudo se complica quando entramos no assunto de desenvolvimento. As crianças e adolescentes estão constantemente nas fases de autodescoberta e evolução. O fenômeno ultrapassou a linha saudável do desenvolvimento infantil, e pode trazer consequências sérias para a vida de inúmeras crianças.  

Os riscos à saúde mental 

O acesso constante às telas gera um impacto direto no desenvolvimento cognitivo, e o fato de estar rodeado de conteúdos que não condizem com sua faixa etária, tendem a agravar o problema. 

Um grande exemplo é o desejo por likes. Uma simples interação traz a sensação de ser desejado, amado e aceito, e causa a liberação de dopamina (neurotransmissor ligado ao prazer) no cérebro, funcionando como um sistema de recompensa. Pensando que a economia da atenção e o vício em dopamina são alguns dos grandes problemas das gerações atuais, imagine o quão prejudicial é para crianças, que estão em fase de desenvolvimento? 

De acordo com especialistas, o córtex pré-frontal, região do cérebro responsável pela tomada de decisões lógicas e pelo pensamento racional, só está completamente desenvolvido no início da vida adulta, entre os 20 e os 25 anos. As duas primeiras décadas da vida são marcadas por um turbilhão de emoções, que estão relacionadas aos hormônios e ao desenvolvimento do sistema nervoso. Ou seja, é comum que crianças e adolescentes tomem decisões baseadas nas emoções, de forma imprudente.

Além disso, o processo de adultização retira as crianças do local de infância, roubando o direito de brincar, interagir e aproveitar a fase da criatividade e do mundo lúdico. Carregando uma má formação da identidade e do senso de si para o longo da vida, e desencadeando outras doenças psicológicas como transtornos alimentares, ansiedade, depressão, entre outros. 

Os perigos cibernéticos

E claro, os perigos cibernéticos não ficam de fora! A exposição excessiva nas redes sociais, impulsionada pela lógica do engajamento, abre brecha para pedófilos, cyberbullying e assédio. A perda da privacidade e da vulnerabilidade pode desencadear em diversos tipos de abusos psicológicos ou sexuais. 

Recentemente, o caso do Hytalo Santos viralizou nas redes sociais. No ocorrido, o youtuber Felca denunciou o influenciador após reunir diversas provas de exploração de menores em produções digitais. Ao analisar o caso, é perceptível que a exposição de menores nas redes sociais se tornou apenas uma vitrine para possíveis predadores, os mesmos que geram engajamento e lucro aos influenciadores responsáveis pelo conteúdo publicado. 

Hytalo Santos foi apenas um dos diversos casos de exploração de menores que ocorrem nas redes sociais. A situação é mais preocupante pois o caso só ganhou repercussão após um influenciador viralizar ao expor a situação, e ,apenas a partir daí, as medidas foram tomadas. Quantas crianças precisarão perder a infância para que seus direitos sejam concedidos? O dia das crianças é apenas um reflexo do quanto ainda há de batalhar, conquistar e conscientizar.  

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O artigo acima foi editado por Maria Eduarda Goulart.

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